sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Lendas da Madeira

 AS FURNAS DO CAVALUM

 Para muitos o receio ainda permanece…
As Furnas do Cavalum, na vila de Machico, não passam de umas grandes grutas escavadas na rocha de basalto que o povo diz serem a morada de um monstro.
Cavalum é um diabo em forma de cavalo, com asas de morcego, que deita fogo pelas narinas. Diz a lenda, que nos tempos em que o Cavalum andava à solta, foi bater à porta da igreja para falar com Deus. Disse-lhe que queria destruir toda a povoação e desafiou-o a impedi-lo. Deus mandou-o embora dizendo que não tinha paciência para tais brincadeiras. Então, Cavalum reuniu o vento e as nuvens e provocou uma grande tempestade sobre a povoação.
Do outro lado da montanha, o Cavalum manifestava enorme satisfação perante a aflição dos habitantes. Deus não mexeu um único dedo, pensando que o Cavalum depressa se cansaria da brincadeira. O certo é que segundo a lenda a tempestade agravou-se, arrasando casas e campos.
Até mesmo o crucifixo da igreja foi pelos ares até ao mar. Irritado com a insistência do Cavalum, Deus resolveu agir.
Primeiro, fez com que um barco achasse o crucifixo. Depois, chamou o sol para afastar a tempestade.
Para não ser mais incomodado pelo monstro, Deus decidiu prender o Cavalum nas grutas, onde ainda hoje de vez em quando se ouvem os seus protestos.


LENDA DE MACHIM

Diz a lenda que, entre o final do século XIV e o início do século XV, Roberto Machim, um inglês de classe-média, apaixonou-se por Ana D'Arfet, uma linda rapariga de classe-alta da aristocracia. A família dela tinha o seu orgulho e eram contra que este romance continuasse.
Assim sendo, forçaram-na a casar com um nobre de classe-alta, de quem esta não gostava, e mandaram ao Rei uma fiança para manter Machim preso até o casamento se realizar. Ana casou com o nobre e foi levada para um castelo em Bristol. Machim com a ajuda de alguns amigos, foi até Bristol, mandando um dos seus companheiros entrar no castelo para dizer a Ana que Roberto continuava a amá-la, assim como tinha um plano para fugirem.
Assim, deixaram Bristol em direcção a França. Mas uma forte tempestade arrastou-os para o oceno, afastando-os de França. No 14º dia eles chegaram à Ilha da Madeira, onde desembarcaram numa linda baía (Machico). Ana estava doente, morrendo nos braços do seu amado e enterrada por baixo de uma grande e linda árvore, onde foi colocada uma cruz de madeira de cedro.
Machim morreu alguns dias depois, sendo enterrado na mesma sepultura da sua amada. Uma inscrição foi deixada perto, ditada por Machim, contando a triste história e pedindo que se algum futuro colonizador ali chegasse, que construísse uma igreja naquele local, hoje essa edificação é conhecida como a "Capela do Senhor dos Milagres".

O MILAGRE DA SENHORA DO MONTE

Nos primeiros tempos da colonização da ilha da Madeira, havia uma ribeira de água límpida e abundante que encantou os portugueses que lá chegaram. Mas um dia um senhor poderoso resolveu ter aquela água só para si e canalizou a fonte para as suas terras. A população desesperada, porque aquela água era imprescindível à sua sobrevivência, resolveu fazer uma procissão à Senhora do Monte, implorando para que a água voltasse a brotar naquela fonte. O milagre aconteceu e a água encheu de novo a fonte, mas em quantidade menor do que no início. O povo utilizou então em seu benefício a ideia do desvio da água e, construindo regos ou cales, levaram a água mais longe, tornando férteis muitos campos e quintas. A ribeira ficou a ser conhecida como a ribeira de Cales e o milagre da Senhora do Monte ficou para sempre na memória popular.

Sem comentários:

Enviar um comentário